A
ERA DO RÁDIO
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Bem mais além do que mero meio de
comunicação, o rádio no Brasil possibilitou a consolidação de gêneros musicais
e teve importante participação na conformação política do país ainda na
primeira metade do século XX. As transformações urbanas que foram elementares
na forma que a canção popular adquiriu no Brasil são o contexto do momento de
crescimento e difusão das ondas radiofônicas e é, do mesmo modo, o advento do
rádio sinônimo da modernização corrente nos idos das décadas de 1920 e 1930.
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A primeira transmissão radial ocorreu em
07 de setembro de 1922 como parte dos comemorativos que celebravam o centenário
da Independência do Brasil. A transmissão teve como destaque um discurso do
então Presidente da República, Epitácio Pessoa.
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Ainda na década de 1920 dois episódios
marcam o início da Era do Rádio no Brasil, de acordo com Sérgio Cabral: a
fundação da Rádio Sociedade, por Roquette Pinto e Henrique Morize em 1923 e a
fundação da Rádio Clube Brasil, no ano seguinte. Tais rádios funcionavam por
poucas horas e em dias alternados, o que há, no entanto, no estudo de Sergio
Cabral que nos chama a atenção é sua tese de que o rádio retira a música
popular do terreno do amadorismo e a situa, em um processo paulatino, como
também uma forma de profissionalização. Isso viria a ocorrer de modo mais
acentuado durante a década de 1930.
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A profissionalização do cantor com o
advento do rádio veio junto de um repertório, por isso não foi ao acaso que a partir da década de 1930 o samba ganha cada vez mais relevância no
cenário cultural brasileiro, se torna mais comercial e alia a
figura do cantor às ondas radiofônicas, a venda de discos e ao gênero musical.
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Getúlio tratou criar um aparelho estatal
nas rádios brasileiras, a exemplo do que fez também outro presidente
sul-americano, também populista e contemporâneo de Vargas, Juan Domingo Perón,
na Argentina. Desse modo, a Rádio Nacional que quando criada em 1936 tinha o
caráter de empresa privada, tornou-se em 1940 uma empresa pertencente ao
governo brasileiro.
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O Estado Novo, mais precisamente o DIP
(Departamento de Imprensa e Propaganda) criou um modelo de programação onde
jornalismo e entretenimento caminhavam lado a lado na Rádio Nacional, desse
período data o surgimento da “Hora do Brasil”, dedicado às notícias do
executivo brasileiro, o “Repórter Esso”, jornalismo de plantão que informava em
primeira mão os fatos emergenciais, e programas humorísticos que consagraram
artistas brasileiros como o “Balança, mas não cai” e “PRK-8” onde atuavam como
protagonistas, Paulo Gracindo, Walter D’Ávila e Brandão Filho
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Getúlio permitiu que diferentes empresas
fossem divulgadas no rádio, popularizando marcas e hábitos, acentuando a
consolidação da Indústria Cultural no Brasil.
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Getúlio que operava uma política de moralização
e virtuosismo das potências e belezas do Brasil, trata, por meio de seus
departamentos de cultura limar do samba seus aspectos que remetiam a cultura negra, e consequentemente aos ambientes de marginalização que lhe eram correspondentes
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Assim, o samba passa a ser executado por
artistas de voz potente e que não possuíssem identificação com o morro ou
outros ambientes, daí a recorrência a Mário Reis e Francisco Alves, o
acompanhamento das canções passa a ser feitos por grandes orquestras e dão um
ar sofisticado ao gênero, e quando se tratava da programação da Rádio Nacional
eram regidos por Radamés Gnatalli, além das letras que supervalorizavam a
mulata e as belezas naturais do Brasil.
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Cada vez mais focaliza-se a figura do
artista e sua representatividade na sociedade, esse processo se transforma com
o tempo, mas é o embrião da figura do ídolo que se conhece hoje, fosse por meio
dos concursos das Rainhas do Rádio que na década de 1950 imortalizaram Dalva de
Oliveira, Ângela Maria e Emilinha Borba, ou pelo fenômeno que se tornou Cauby
Peixoto, Orlando Silva e Nelson Gonçalves.
BIBLIOGRAFIA:
Estratégias:
- Comentários gerais sobre o rádio no
Brasil
Popularização do rádio.
Entretenimento. Propaganda, política (censura, valores) - o
trabalho para Getúlio Vargas era um forte instrumento de integração das massas
trabalhadoras na política. A concretização do Estado Novo dependia da formação
de um homem novo, lutador, trabalhador A importância da exaltação do trabalho
no projeto do Estado Novo. A censura como objeto dominador político. O DIP como
instrumento de coerção social
- Vídeos sobre Era do rádio no Brasil
(15min)
- Música e censura: ouvir música
"Bonde São Januário", na interpretação de Ataulfo Alves.
Comparar letra tocada na rádio e letra original, censurada.
1) O que isso demonstra a respeito da política de Vargas?
2) Que público ele pretende atingir?
3) Que tipo de mensagem pretende passar?
4) Por que o
malandro (ou seja, a malandragem) foi condenado na Era Vargas?
LETRA
LANÇADA:
Quem
trabalha
É quem tem razão
Eu digo
E não tenho medo
De errar
É quem tem razão
Eu digo
E não tenho medo
De errar
Quem
trabalha...
O Bonde
São Januário
Leva mais um operário
Sou eu
Que vou trabalhar
Leva mais um operário
Sou eu
Que vou trabalhar
O Bonde
São Januário...
Antigamente
Eu não tinha juízo
Mas hoje
Eu penso melhor
No futuro
Graças a Deus
Sou feliz
Vivo muito bem
A boemia
Não dá camisa
A ninguém
Passe bem!
Eu não tinha juízo
Mas hoje
Eu penso melhor
No futuro
Graças a Deus
Sou feliz
Vivo muito bem
A boemia
Não dá camisa
A ninguém
Passe bem!
LETRA
ORIGINAL
Quem
trabalha
É quem tem razão
Eu digo
E não tenho medo
De errar
É quem tem razão
Eu digo
E não tenho medo
De errar
Quem
trabalha...
O Bonde
São Januário
Leva mais um sócio otário
Sou eu
Que vou trabalhar
Leva mais um sócio otário
Sou eu
Que vou trabalhar
O Bonde
São Januário...
Antigamente
Eu não tinha juízo
Mas hoje
Eu penso melhor
No futuro
Graças a Deus
Sou feliz
Vivo muito bem
A boemia
Não dá camisa
A ninguém
Passe bem
Eu não tinha juízo
Mas hoje
Eu penso melhor
No futuro
Graças a Deus
Sou feliz
Vivo muito bem
A boemia
Não dá camisa
A ninguém
Passe bem
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