sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Plano de aula: A Era do Rádio



A ERA DO RÁDIO
·         Bem mais além do que mero meio de comunicação, o rádio no Brasil possibilitou a consolidação de gêneros musicais e teve importante participação na conformação política do país ainda na primeira metade do século XX. As transformações urbanas que foram elementares na forma que a canção popular adquiriu no Brasil são o contexto do momento de crescimento e difusão das ondas radiofônicas e é, do mesmo modo, o advento do rádio sinônimo da modernização corrente nos idos das décadas de 1920 e 1930.
·         A primeira transmissão radial ocorreu em 07 de setembro de 1922 como parte dos comemorativos que celebravam o centenário da Independência do Brasil. A transmissão teve como destaque um discurso do então Presidente da República, Epitácio Pessoa.
·         Ainda na década de 1920 dois episódios marcam o início da Era do Rádio no Brasil, de acordo com Sérgio Cabral: a fundação da Rádio Sociedade, por Roquette Pinto e Henrique Morize em 1923 e a fundação da Rádio Clube Brasil, no ano seguinte. Tais rádios funcionavam por poucas horas e em dias alternados, o que há, no entanto, no estudo de Sergio Cabral que nos chama a atenção é sua tese de que o rádio retira a música popular do terreno do amadorismo e a situa, em um processo paulatino, como também uma forma de profissionalização. Isso viria a ocorrer de modo mais acentuado durante a década de 1930.
·         A profissionalização do cantor com o advento do rádio veio junto de um repertório, por isso não foi ao acaso que a partir da década de 1930 o samba ganha cada vez mais relevância no cenário cultural brasileiro, se torna mais comercial e alia a figura do cantor às ondas radiofônicas, a venda de discos e ao gênero musical.
·         Getúlio tratou criar um aparelho estatal nas rádios brasileiras, a exemplo do que fez também outro presidente sul-americano, também populista e contemporâneo de Vargas, Juan Domingo Perón, na Argentina. Desse modo, a Rádio Nacional que quando criada em 1936 tinha o caráter de empresa privada, tornou-se em 1940 uma empresa pertencente ao governo brasileiro.
·         O Estado Novo, mais precisamente o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) criou um modelo de programação onde jornalismo e entretenimento caminhavam lado a lado na Rádio Nacional, desse período data o surgimento da “Hora do Brasil”, dedicado às notícias do executivo brasileiro, o “Repórter Esso”, jornalismo de plantão que informava em primeira mão os fatos emergenciais, e programas humorísticos que consagraram artistas brasileiros como o “Balança, mas não cai” e “PRK-8” onde atuavam como protagonistas, Paulo Gracindo, Walter D’Ávila e Brandão Filho
·         Getúlio permitiu que diferentes empresas fossem divulgadas no rádio, popularizando marcas e hábitos, acentuando a consolidação da Indústria Cultural no Brasil.
·         Getúlio que operava uma política de moralização e virtuosismo das potências e belezas do Brasil, trata, por meio de seus departamentos de cultura limar do samba seus aspectos que remetiam a cultura negra, e consequentemente aos ambientes de marginalização que lhe eram correspondentes
·         Assim, o samba passa a ser executado por artistas de voz potente e que não possuíssem identificação com o morro ou outros ambientes, daí a recorrência a Mário Reis e Francisco Alves, o acompanhamento das canções passa a ser feitos por grandes orquestras e dão um ar sofisticado ao gênero, e quando se tratava da programação da Rádio Nacional eram regidos por Radamés Gnatalli, além das letras que supervalorizavam a mulata e as belezas naturais do Brasil.
·         Cada vez mais focaliza-se a figura do artista e sua representatividade na sociedade, esse processo se transforma com o tempo, mas é o embrião da figura do ídolo que se conhece hoje, fosse por meio dos concursos das Rainhas do Rádio que na década de 1950 imortalizaram Dalva de Oliveira, Ângela Maria e Emilinha Borba, ou pelo fenômeno que se tornou Cauby Peixoto, Orlando Silva e Nelson Gonçalves.
BIBLIOGRAFIA:
Estratégias:
- Comentários gerais sobre o rádio no Brasil
Popularização do rádio. Entretenimento. Propaganda, política (censura, valores) - o trabalho para Getúlio Vargas era um forte instrumento de integração das massas trabalhadoras na política. A concretização do Estado Novo dependia da formação de um homem novo, lutador, trabalhador A importância da exaltação do trabalho no projeto do Estado Novo. A censura como objeto dominador político. O DIP como instrumento de coerção social
- Vídeos sobre Era do rádio no Brasil (15min)
- Música e censura: ouvir música "Bonde São Januário", na interpretação de Ataulfo Alves. Comparar letra tocada na rádio e letra original, censurada.
1) O que isso demonstra a respeito da política de Vargas?
2) Que público ele pretende atingir?
3) Que tipo de mensagem pretende passar?
4)  Por que o malandro (ou seja, a malandragem) foi condenado na Era Vargas?

LETRA LANÇADA:
Quem trabalha
É quem tem razão
Eu digo
E não tenho medo
De errar
Quem trabalha...
O Bonde São Januário
Leva mais um operário
Sou eu
Que vou trabalhar
O Bonde São Januário...
Antigamente
Eu não tinha juízo
Mas hoje
Eu penso melhor
No futuro
Graças a Deus
Sou feliz
Vivo muito bem
A boemia
Não dá camisa
A ninguém
Passe bem!


LETRA ORIGINAL
Quem trabalha
É quem tem razão
Eu digo
E não tenho medo
De errar
Quem trabalha...
O Bonde São Januário
Leva mais um sócio otário
Sou eu
Que vou trabalhar
O Bonde São Januário...
Antigamente
Eu não tinha juízo
Mas hoje
Eu penso melhor
No futuro
Graças a Deus
Sou feliz
Vivo muito bem
A boemia
Não dá camisa
A ninguém
Passe bem

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